Grupos, Organizações e Instituições


Introdução

Neste artigo temos como tema Grupos, Organizações e Instituições, que vai se abordar em várias dimensões analíticas da vida social, política, económica e cultural. Este fenómeno pode ser analisado numa dimensão macro ou micro psicológicos. Contudo, este estudo focaliza sua análise numa dimensão micro da relação social entre indivíduos no contexto organizacional e interpessoal.

Tem como objectivo primordial deste estudo, prende-se com a análise do nível de importância daos grupos e das emoções na tomada de decisão, e em que medida são elementos intervenientes nas relações interpessoais. Neste artigo, centra-se no estudo das capacidades que o ser humano possui de forma a perceber e gerir as suas emoções, bem como de conduzir as dos outros, nas relações interpessoais verificadas nas organizações, tanto a nível endógeno como exógeno.

Foi realizada uma revisão de literaturas e varias bibliografias, sendo assim, para a concretização, estruturação e compreensão do artigo, que de uma forma geral deram a cientificidade do mesmo, fornecendo contributos para um referencial teórico lógico, e que localizou reflexões sobre o tema.


1.1.Definição de grupos

Segundo Pichon-Rivière pode-se falar em grupos, como um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes, se reúnem em torno de uma tarefa específica. Num cumprimento de desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um amontoado de indivíduos, para cada um assumir-se enquanto participante de um grupo com objectivo mútuo.

Isto significa também que cada participante exercitou sua fala, sua opinião, seu silêncio, defendendo seus pontos de vista. Portanto, descobrindo que, mesmo tendo um objectivo mútuo, cada participante é diferente. Tem sua identidade - cada indivíduo vai introjetando o outro dentro de si. Isto significa que cada pessoa, quando longe da presença do outro, pode “chamá-lo” em pensamento, a cada um deles e a todos em conjunto. Este facto assinala o início da construção em grupo enquanto comportamento de indivíduos diferenciados ( ÁLVARO,& GARRIDO,2003, p. 40).

Segundo Griffin e Moorhead (2006) “um grupo é formado por duas ou mais pessoas que interagem de tal modo que cada uma delas influência e é influenciada pela(s) outra( s)”, isto é: cada um dos integrantes deve ter a capacidade de interagir directamente com todos os demais e de se influênciar directamente e de forma recíproca.

Pois, como regra: “sempre que alguém se torna membro de um grupo é, significativamente, afectado e mudado por esse facto e afeta e induz mudança nos outros membros” (PEREIRA,
2004, p. 88).

O conceito de grupo define-se por reunião de pessoas, pequena associação ou reunião de pessoas unidas para um fim comum (RUSSO, 1996), e Moreno propôs um instrumento de transformação, de si mesmo e das relações grupais, mostrando um método que libera o indivíduo a ser o que realmente é diante da Humanidade, nas Instituições, enfim, nas diferenças.


1.1.2.A construção do grupo

Um grupo se constrói através da constância da presença de seus elementos, na constância da rotina e de suas actividades. Um grupo se constrói na organização sistematizada de encaminhamentos, intervenções por parte do educador, para a sistematização do conteúdo em estudo.
Um grupo se constrói no espaço heterogêneo das diferenças entre cada participante: da timidez de um, do afobamento do outro; da serenidade de um, da explosão do outro; da seriedade desconfiada de um, da ousadia do risco do outro; da mudez de um , da tagarelice de outro; do riso fechado de um, gargalhada debochada do outro; dos olhos miúdos de um, dos olhos esbugalhados do outro; de lividez de um, do encarnado do rosto do outro.

Um grupo se constrói enfrentando o medo que o diferente, o novo provoca, educando o risco de ousar. Um grupo se constrói não na água estagnada do abafamento das explosões, dos conflitos, no medo em causar rupturas. Um grupo se constrói, construindo o vínculo com a autoridade entre iguais. Um grupo se constrói na cumplicidade do riso, da raiva, do choro, do medo, do ódio, da felicidade e do prazer. A vida de um grupo tem vários sabores, no processo de construção de um grupo, o educador conta com vários instrumentos que favorecem a interacção entre seus elementos e a construção do círculo com ele.

A comida é um deles.
É comendo junto que os afectos são simbolizados, expressos, representados,
socializados.

Pois comer junto, também é uma forma de conhecer o outro e a si próprio.

A comida é uma actividade altamente socializadora num grupo, porque permite a vivência de um ritual de ofertas. Exercício de generosidade. Espaço onde cada um recebe e oferece ao outro o seu gosto, seu cheiro, sua textura, seu sabor.

Momentos de cuidados, atenção.
O embelezamento da travessa em que vai o ao, a “forma de coração” do bolo, a renda
bordada no prato... frio ou quente?
Que perfume falará de minhas emoções? Doce ou salgado? (Álvaro,& Garrido,2003, p. 65).

2.O grupo na Instituição
Com base nas relações humanas  o grupo nas  instituições significa criar um espaço psicossocial alternativo, em que desconfianças, temores e conflitos possam ser aceitos e trabalhados, mediante experiências reconstrutivas, em termos de tarefas e processos que minimizem as ameaças ao "ego" e
desenvolvam formas de interacção compatíveis com uma ampliação quantitativa e qualitativa de cognições, afectos e condutas.

Essa reconstrução implica o desenvolvimento de um clima de confiança mútua, em que todas as cartas possam ser colocadas na mesa, onde as fórmulas de cortesia ou de ataque e defesa possam ser substituídas pela genuína consideração pelo outro, pelo compartilhamento de pensamentos, sentimentos e acções, pela adesão a uma tarefa comum gerada pelo próprio grupo em direcção ao seu auto-conhecimento.

Nesse sentido, os papéis desenvolvidos no grupo propiciarão a actualização das diferenças individuais e não receitas de condutas normativas, o desenvolvimento de conceitos como frutos da interacção, a aprendizagem de novas maneiras de interagir, desenvolvendo as habilidades e talentos, à maneira dos diferentes músicos que compõem uma orquestra. Sanções, persuasão, manipulação cedem lugar a uma relação de integração, permitindo encontrar soluções através das quais as partes obtêm seus objectivos sem que nenhuma seja obrigada a sacrificar sua essência (Follet citada por Wahrlich13, 1969). Significa trabalhar o conceito de poder não no sentido weberiano, mas de Hannah Arendt (cf. Habermas, 1980).

Discorrer sobre a teoria que informa o desenvolvimento de relações humanas com base em dinâmica de grupo significaria recapitular a vasta literatura gerada a partir de Moreno (1953) e Lewin (1978), enriquecida pela contribuição paralela de linha fenomenológica e existencial e revisada pela análise institucional e social (estudo das condições de existência das condutas). Significaria ainda incorporar os resultados de estudos e pesquisas envolvendo diferentes áreas, como a psicanálise (relações objetais), a psicologia social (atitudes e condutas como expressão da interacção), a administração (análise institucional), a sociologia e a antropologia (relações de produção e relações interpessoais), incluindo aquelas que pretendem entender o microcosmos da dinâmica dos grupos em função de todo um perfil de uma cultura ou "civilização".


2.2.Grupo como Instituição

O  grupo como Instituição  é um local em que os individuos procuram localizar no espaço e no tempo diferentes variáveis ao invés de guiar-se por teorias gerais de mudança social, parece justificada não apenas como intervenção pontual, mas também como forma de operacionalizar mudanças que de outra maneira dependeriam de utópicas alterações "globais", cujos parâmetros oscilam ao sabor de circunstâncias específicas (CARDOSO, 1986, p.70).

3. O grupo na perspectiva da teoria geral dos sistemas
3.1.2. Origens

Com base nessa constatação, alguns cientistas orientaram suas preocupações para o desenvolvimento de uma teoria de estudo de grupos na perspectiva geral dos sistemas, que dessa conta das semelhanças, sem prejuízo das diferenças. Nesse particular, salienta-se a obra do biólogo alemão Ludwig von Bertalanffy que concebeu o grupo como um modelo de sistema aberto, entendido como complexo de elementos em interacção e em intercambio contínuo com o ambiente. Em seu livro Teoria geral dos sistemas, esse autor apresenta a teoria e dá-se considerações a respeito de suas potencialidades na física, na biologia e nas ciências sociais. No mesmo livro, von Bertalanffy lança os pressupostos e orientações básicas de sua teoria geral dos
sistemas, como segue:

a) Há uma tendência para a integração nas várias ciências naturais e sociais;

b) Tal integração parece orientar-se para uma teoria dos sistemas;

c) Essa teoria pode ser um meio importante de objetivar os campos não físicos do conhecimento
cientifico, especialmente nas ciências sociais;

d) Desenvolvendo princípios unificadores que atravessam verticalmente os universos particulares
das diversas ciências, essa teoria aproxima-nos do objectivo da unidade da ciência;

A evolução do pensamento parsoniano do acionismo social para o imperativismo funcional é paralela ao declínio do voluntarismo nesse mesmo pensamento. À medida em que evolui a teoria, os elementos socialmente gerados vão dando lugar aos impostos. Assim, enquanto o acionismo social se concentra no processo de escolha, o imperativismo enfatiza a selecção de alternativas. Seu pressuposto é o de que todo sistema social enfrenta quadros imperativos funcionais aos quais não pode deixar de satisfazer. Tais imperativos são o da manutenção, satisfeito pelos valores sociais e subsistemas culturais, o da integração, satisfeito pelas normas sociais e subsistemas ,sociais, o do atlagimento de metas, satisfeito pelas colectividades sociais e subsistemas políticos e o da adaptabilidade, satisfeito pelos papéis sociais e subsistema econômico (AZAMBUJA, 1999, p. 190).

Estabilidade do sistema de valores lnstitucionalizados; o atingimento de metas refere-se à relação entre o actor e um ou mais objectos da situação, relação esta que maximizar a estabilidade do sistema, já que este precisa atingir metas através do controle dos elementos da situação; a adaptabilidade refere-se ao controle, ele próprio, do ambiente para o atingimento de metas e, finalmente, a integração refere-se à manutenção de solidariedade entre as unidades para o funcionamento eficiente do sistema.

Isto quer dizer que todo e qualquer sistema social deve ser estudado em termos de manutenção, atingimento de metas, adaptabilidade e integração, ou melhor, em termos dos meios que utiliza para satisfazer esses imperativos funcionais. Tal afirmação implica na observação de que o funcionalismo é altamente abrangente, pretendendo explicar através de um grande aparato conceitual toda a enorme variedade de sistemas sociais existentes. No que se refere à análise organizacional, teorizações funcionalistas estão já presentes nas obras de vários estruturalistas como Merton, Gouldner e Etzioni.

Além disso, o próprio Parsons fez menção especial de interesse para nós, por tratar exclusivamente da organização. Trata-se de sugestões para uma abordagem sociológica da teoria das organizações (AZAMBUJA, 1999, p. 201).

4.1.Grupo na Teoria de comunição Humana

Nos grupos ditos tradicionais, como era o caso das sociedades antigas e o foi da generalidade das sociedades europeias até à modernidade, isto para não falarmos das sociedades que alguns qualificaram de “primitivas” ou “selvagens”, na teroria de coomunição humana diz que os grupos é a maquina principal na existencia  da vida social, praticamente, na interacção pessoal, directa e face a face.

Em tais grupos a situação de cada indivíduo podia ser descrita, em termos binários, da seguinte maneira: ou estava só, ausente de toda e qualquer interacção social, ou estava em grupo, em interacção com os outros.  A descoberta da escrita, portanto, os grupos passam da acção solitária a oportunidade de ser uma acção social, de ser comunicação. Mesmo quando ninguém está presente, pode-se participar na reprodução da sociedade (BARCELONA, & ANTHROPOS, 1998, p.382).


Bibliografia

BARCELONA, & ANTHROPOS, S. (eds.), Advancing Communication Science: Merging Mass and Interpersonal Process, Newbury Park, CA, Sage, 1998.

AZAMBUJA, Ricardo Alencar Teoria Geral dos Sistemas Blumenau : FURB.1999.

Álvaro, J.L., & Garrido, A.L. (2003). Psicología Social: perpectivas psicológicas y
sociológicas. Madrid, McGraw-Hill.

Lewin, K. (1965) Teoria de Campo em ciência social. Ed. Livraria Pioneira, São Paulo.

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