Ser gordo(a) virou polêmica na actualidade
Gordo é uma palavra que virou sinônimo de xingamento em nossa sociedade. Mas será que é mesmo?
Bom, vamos entender primeiramente que qualquer palavra pode ser usada para nos ofender, desde que seja usada ironica ou grosseiramente.
E então vamos entender a semântica da palavra… Gordo é o que não é magro. A palavra “magro” também poderia ser usada de forma ofensiva, mas no geral não o é. Sabem o motivo? Nossa cultura! Actualmente nos é imposto um padrão de beleza, em que uma das características é justamente ser magro. Então “magro” vira elogio, e “gordo” vira xingamento.
Em outras culturas, quanto mais gorda a mulher, mais bonita é considerada. Dei o exemplo da mulher porque com certeza é quem mais sofre com essa terrível imposição de padrão de beleza.
Nem precisamos ir a outros países, basta olharmos nosso Moçambique dos anos 50, 70 antes da influência da vida brasilerada. As mulheres consideradas mais bonitas não eram magras ao extremo, as misses tinham uma forma corporal bem mais natural.
Não estou fazendo apologia a um estilo de vida ou outro, simplesmente estou expondo a realidade. Na verdade, estou fazendo apologia ao amor próprio e ao bem estar emocional de cada um de nós!
É realmente muito triste ver crianças e adolescentes obesos devido à má alimentação, pois sabe-se que não é saudável e que ainda estão em formação. Isso é resultado da vida corrida e imediatista que vivemos hoje, com jantares substituídos por fast food, regados a refrigerante.
As crianças de hoje não conhecem grande parte das frutas, legumes e verduras. Os pais de hoje não insistem mais para as crianças comerem de forma saudável, até porque isso dá trabalho…
Deve-se esclarecer que há uma grande diferença entre ser/estar obeso e estar acima do peso. E também: não necessariamente uma pessoa com sobrepeso tem problemas de saúde, mas pode vir a ter como qualquer outra. Especialistas da área com certeza poderão explicar melhor do que eu.
Mas a questão que mais precisa ser falada é o olhar das pessoas para quem não é magro. É um olhar de desmerecimento, como se a pessoa estivesse acima do peso porque é relaxada e negligente com ela mesma, porque se entope de comida, e como se merecesse menos valor por ser assim. Isso é preconceito! Isso é gordofobia!!
Não dá para falar sobre esse tema sem falar nos transtornos psicológicos e nos distúrbios alimentares que essa exigência da sociedade globalizada ocasiona. As pessoas, principalmente mulheres, que estão acima do peso dito normal, além de muitas vezes sofrerem escondido, podem se sentir constrangidas, podem ter péssima autoestima.
E isso pode levar a distúrbios alimentares como a anorexia e a bulimia, pode levar à depressão, e a situações gravíssimas! Não há como prever o prejuízo que pode ser desencadeado com essa situação, que para o outro parece brincadeira, besteira, ou até mesmo um “alerta”, uma “ajuda”.
O que não se percebe, é que essa “ajuda” e esse “querer o bem” levam a pessoa a se cobrar ainda mais e, consequentemente, a comer ainda mais para buscar conforto emocional. A partir daí, o comer vira um acto compulsivo, e com maiores danos à saúde (física e mental).
O que não podemos é ignorar ou diminuir o sentimento dessas pessoas. Geralmente a tendência é que, pela falta de informação e até mesmo falta de sensibilidade, esse desmerecimento de facto aconteça. E a consequência é que a vítima dessa situação se feche ainda mais, e talvez acredite que realmente seja frescura tudo o que sente.
As pessoas gordas nem sempre o são pelo excesso de comida. Existem inúmeros outros factores comprovados a serem levados em conta, como por exemplo a genética, falta de sono, factores psicológicos, medicamentos, doenças e desequilíbrios hormonais. Com esse último, muitas mulheres sofrem, pois na maioria das vezes o ganho de peso acontece de forma rápida e as pessoas inconvenientemente questionam o motivo de “engordar”.
Hoje, com as redes sociais, tudo isso se expande, pois vemos fotos perfeitas de corpos e peles perfeitos. Assim, a exigência toma uma proporção ainda maior, pois essas celebridades são o “exemplo de felicidade”. Só que não. Não se sabe a realidade por trás daquela perfeição toda, fora que ela tem uma intenção, na maioria das vezes comercial.
As pessoas, principalmente nossos jovens, estão cada vez mais fúteis, valorizando a aparência e as curtidas. Fazem de tudo para terem muitos likes nas fotos! Os aplicativos de photoshop são sucesso de downloads, justamente porque todos podem parecer perfeitos.
Em contrapartida, podemos acompanhar também pessoas gordas mostrando que são capazes, felizes, saudáveis e bem sucedidas! Algumas mostram sua rotina, e tudo o que passaram/passam ao longo da vida devido ao preconceito, às vezes com os distúrbios alimentares citados anteriormente, em uma tentativa para se chegar a inalcançável perfeição…
Diante de tudo isso, preciso colocar em tópicos algumas observações:
– o peso do outro não te interessa;
– o peso não é tão importante assim;
– o peso não define o carácter;
– se você desmerece alguém citando o peso, procure um tratamento psicológico, pois isso não é atitude de alguém psicologicamente saudável;
– ser gordo não impede de levar uma vida normal;
– pessoas gordas podem sim ser felizes como são;
– pessoas gordas são bonitas sim;
– pessoas gordas merecem respeito;
– gordo e magro são adjectivos e, sendo assim, dependem de ponto de vista;
– pessoas gordas não precisam ouvir: “você está muito gordo, precisa parar de comer”;
– por mais intimidade que se tenha, encontrar uma pessoa e dizer: “nossa, você engordou” é falta de educação;
– dizer: “você é gordinha, mas tem um rosto lindo”, definitivamente não é elogio;
– deixar de comer não é saudável;
– magreza não é sinônimo de saúde;
– alimentação saudável é importante para TODOS;
– ninguém deve desmerecer o outro seja pelo que for;
– ser magro não te torna melhor do que alguém;
– ser gordo não te torna pior do que alguém;
Que cada um seja feliz como quiser. E que a aparência não seja relevante para isso!
E, por fim, se você está do lado que ofende e critica ou se está o lado ofendido e criticado, não importa: procure um auxílio psicológico!
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