AS IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS DA CRISE ECONÓMICA MUNDIAL CAUSADAS PELO SURTO DO COVID-19

AS IMPLICAÇÕES PSICOLÓGICAS DA CRISE ECONÓMICA MUNDIAL CAUSADAS PELO SURTO DO COVID-19

Este artigo aborda sobre as implicações psicológicas da crise económica mundial causadas pela pandemia do Covid-19.

A pandemia do Coronavírus (Covid-19), essa é a palavra-chave do ano 2020. Ela está em todos os lugares: nos jornais, na TV, na conversa entre amigos, no almoço de família, no ambiente de trabalho. Não há como fugir dela. Se você está bem empregado, sente os efeitos quando vai ao supermercado; se você foi desligado, não está conseguindo se recolocar, está inseguro ou infeliz.

Essa atmosfera pesada começa a produzir repercussões na saúde mental da população mundial.

O germe deste artigo é uma inquietação, uma tentativa de compreender um fenômeno aparentemente paradoxal ou melhor, as implicações psicológicas da crise económica mundial provocadas pela pandemia do Covid-19 que assola o mundo, sem excepção a República de Moçambique. As reais e, paralelamente, um certo declínio da interioridade psicológica que sempre caracterizou a subjectividade moderna. 

Antes de mergulhar nessa problemática de candente actualidade, porém, torna-se necessário percorrer brevemente a genealogia dos dois factores aqui considerados tanto as “narrativas do eu” como a crença numa “vida interior”, localizando a sua germinação conjunta na alvorada dos tempos modernos.

Depois de reconstruir a historicidade desse campo contextual, procuraremos vislumbrar a especificidade de suas reverberações actuais, focalizando as fortes transformações que estão afectando a subjectividade contemporânea e que não cessam de reconfigurar a paisagem do mundo.

O Coronavírus (Covid-19) nasce na China nos meados dos anos 2019, numa época em que o País de origem da pandemia, é reconhecida a sua liderança mundialmente, sobre a sua potencialidade nos avanços tecnológicos.

E ai surgem algumas discórdias políticas e socioeconómicas, entre a China e as grandes potências mundiais, pelo objectivo de internacionalização da sua moeda.

E agora, atmosfera de (Covid-19), começa a produzir repercussões na saúde mental do povo Chinês. Segundo Apolenário  Portugal, psicólogo e educador financeiro do Futuro Mcb apud Maria Alice Fontes , psicóloga e directora da Clínica Plenamente, a crise económica está associada com o medo de não ser capaz de sustentar as necessidades financeiras básicas, a impossibilidade de ter o mesmo padrão de vida e a baixa auto-estima devido ao distanciamento social.

“Boa saúde, emprego estável e um rendimento seguro predizem uma boa saúde mental” , afirma.

De acordo com os especialistas, os principais problemas psicológicos que acometem as pessoas durante essa crise económica mundial, é o aumento da ansiedade, de sintomas depressivos, de estresse, uso de álcool, e até o suicídio pelo medo de contrair a pandemia, e passar por essas dificuldades financeiras.

“Todos estes sintomas estão presentes nas crises, mas não podem ser considerados resultados somente delas, pois dependem da estrutura psicológica de cada um.

Pessoas com crenças pessoais negativas tendem a ter a recidiva de depressão e de sintomas de ansiedade frente a instabilidades do ambiente” , diz Apolenário  Portugal apud Maria Alice.

Partindo do pressuposto de Guilherme Messas, médico psiquiatra e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, explica que a característica de qualquer crise psicológica é a perda de perspectiva de futuro e a incapacidade de uma retomada do passado.

“A pessoa fica como suspensa no ar, procurando desesperadamente encontrar um apoio no chão. Esse apoio em geral é encontrado nas relações pessoais próximas, na família ou na actividade profissional. As crises financeiras causadas por pandemias são especialmente graves porque acometem igualmente, e ao mesmo tempo, as demais pessoas que poderiam servir como pontos de apoio” , explica o médico.

Além disso, a identidade profissional pode ser perdida ou ficar sob risco iminente. A consequência desse cenário é devastadora para o psiquismo e tem grande poder de contaminação, levando a uma reacção em cadeia.

“Essa reacção em cadeia faz com que as pessoas se esqueçam de seu passado recente. No caso de Moçambique, faz com que se esqueçam de que estiveram vivendo bem por um longo período” , diz.

Leitura recomendada: Sobre a crise econômica com educação financeira

Outro comportamento que as pessoas têm tomado nesse período menos favorável é a cautela extrema com as finanças. Muitos consumidores se deixaram levar por notícias negativas e praticamente estagnaram o consumo.

Com certeza o controle das pessoas em relação ao dinheiro é algo positivo, e é o que sempre prego na educação financeira.

Acredito que seja fundamental se planejar para comprar o que se objectiva, seja isso no curto, médio ou longo prazo , diz o educador financeiro Reinaldo Domingos .

Dentro dos novos limites possíveis, na óptica de Messas, afirma que é importante procurar manter seu estilo anterior de vida, já que ele é um elemento muito forte para a estabilidade psicológica. “Abandoná-lo por completo piora o panorama psicológico” , aconselha.

A principal sugestão para as grandes crises sociais é procurar lembrar-se de suas próprias características pessoais e de que as crises passam e que sempre haverá uma nova forma de vida que surgirá; ou seja, a paciência e a criatividade são as melhores condutas nos momentos de grande turbulência.

Na visão de Apolenário Portugal apud Messas explica que as crises possuem uma etapa inicial (essa que estamos vivendo), na qual parece não haver saída. “É o momento mais doloroso. Com o passar do tempo, mesmo que a crise continue, o psiquismo criativo encontra modos de se adaptar e cria soluções para os problemas e impasses.

A saída psicológica e social da crise vai sendo inventada mesmo que as pessoas não se dêem conta disso. 

Gradualmente, o governo vai estabelecendo os acordos que permitem a reconstrução da vida dos seus cidadãos. Isso, evidentemente, se não se perder no desespero do imediatismo” , afirma.

Há, portanto, uma boa chance de que mesmo com crise se possa experimentar o bem-estar psicológico e esperança. Mas, para isso, é necessário o factor tempo e um esforço para a superação do imediatismo. “É importante manter em mente que as crises, embora dolorosas, permitem a renovação. Isso serve tanto para uma pessoa como para uma sociedade” , ressalta.

Embora a actual crise tenha um grande impacto sobre a saúde humana, ela sempre pode representar uma oportunidade.

Usando as palavras do Marco Callegaro, psicólogo e presidente da Associação de Psicologia Positiva da América Latina (APPAL), a adversidade deve ser encarada como um grande motor de mudanças.

“Quando passamos por dificuldades construímos novas estruturas internas e nos tornamos mais fortes” , destaca o psicólogo. 

Além disso, a qualidade de nossos pensamentos também deve ser observada. “Sempre é possível fazer uma nova interpretação da situação, mais realista e menos catastrófica” , diz Marco.

Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos garante que não há motivos para desespero, e sim para planejamento e adequação, buscando sair fortalecido deste período. 

Leitura recomendada: Crise econômica: oportunidade para quem quer ficar rico

Um erro comum é pensar que orçamento financeiro familiar consiste em registar o que se ganha e subtrair o que se gasta e, caso sobre dinheiro, será lucro, se faltar, prejuízo.

“A forma correcta, no entanto, consiste em, primeiramente, elaborar o registo de todas as receitas mensais, posteriormente, separar os valores pré-definidos para os projectos da família e, somente com o restante, adequar os gastos da família. Isso forçará um ajuste do padrão de vida familiar para conquista financeiras”.

Com a alta de juros, agora, é um bom momento para quem quer investir, contudo, o grande erro é a ideia de poupar sem motivo e buscar sempre o melhor rendimento. No mercado financeiro, existem diversas opções de aplicação em activos financeiros com riscos diferentes.

A orientação é procurar variar o investimento de acordo com o tempo que utilizará o dinheiro. “De forma geral, o risco de uma aplicação financeira é directamente proporcional à rentabilidade desejada, ou seja, quanto maior o retorno estimado pelo tipo de aplicação escolhida, maior será o risco, por isso, é preciso cautela” , alerta.

Quais são os principais impactos psicológicos que são causados a partir dessa realidade?

Ainda temos necessidades de um distanciamento para saber desses impactos com um pouco mais de clareza. Como a velocidade dessas transformações é muito alta, essa realidade de crises causadas por pandemias. Basta perceber os caminhos que o capitalismo traçou. Mesmo assim, as consequências acontecem numa velocidade muito grande e na maior parte das vezes, a nossa subjectividade é atropelada, e carregada.

E, quando discutimos essa situação de transtornos da crise económica causada pelo surdo do Covid-19.

No âmbito das empresas farmacêuticas ao nível mundial vemos dados alarmantes: entre janeiro de 2020 e fevereiro de 2020, a unidade de antidepressivos e de estabilizadores de humor aumentou de 12,6%, que corresponde 55,9 milhões e os calmantes subiram para 3,1%, que corresponde a 10,2 milhões de unidades.

Não é a indústria farmacêutica ou as alternativas capitalistas, de tratamento psicológico para realojar o exército de reserva, os desempregados, que vão acabar com a baixa auto-estima e depressão da população mundial. 

Não é à toa que, no fim do século XXI, pode-se notar um aumento exponencial de diagnósticos de transtornos psicológicos através do aumento dos lucros da indústria farmacêutica e referente à psiquiatria. É um tratamento que anula o sujeito e priva-o de entender profundamente o que significa o seu sofrimento para colocá-lo no papel do consumidor.

A Valor diz: “a regra de ouro, é não se deixar levar pelo pessimismo exagerado”. “A pessoa não pode se dar por vencida. O mundo não acabou”. Estamos certos de que o mundo não acabou e de que não podemos deixar nossa moral ser devastada pela crise capitalista, ou se adaptar ao Covid-19, mas se tem algum sujeito que pode botar fim às crises cíclicas do capitalismo e aos transtornos consequentes dela é quem sofre directamente com esse sistema: é o povo. 

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